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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AGRIPINO ETHER

 

AGRIPINO ALVES ETHER (São Luís do Quitunde, segundo a informação da AAL. Solange Lages, no discurso de posse, pois o sucedeu, afirma ter nascido em Maceió AL 21/7/1886 (segundo Adalberto Marroquim), ou 23 ou 26/7/1885 ou 1887 - Rio de Janeiro RJ 23/10/1954) Jornalista, professor, dentista, advogado. Filho de Olímpio Dias Ferreira Ether e Francelina Alves Ether. Estudou no Colégio 24 de Fevereiro, depois no Seminário de Olinda e posteriormente no de Maceió, onde terminou o Curso de Filosofia.

 

Bacharelou-se em Letras, no Liceu Alagoano, e logo depois, seguiu para a Bahia. Diplomado em Odontologia (1909), pela Faculdade de Medicina da Bahia. Retorna a Maceió, onde instala sua clínica, tendo sido o primeiro gabinete eletrodentário de Maceió. Mantém, contudo, sua atividade de jornalista, tendo sido um dos fundadores de O Semeador. Por razões políticas muda-se para o Rio de Janeiro. Forma-se em Direito, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1930). Professor catedrático da Faculdade Fluminense de Medicina e da Faculdade Nacional de Odontologia,

 esta última da então Universidade do Brasil. Membro-fundador da AAL, sendo o primeiro ocupante da cadeira 28, da qual o poeta Franco Jatobá é o patrono. Secretario Geral do Instituto Brasileiro de Estomatologia (1935/36). Professor honorário da Faculdade de Farmácia e Odontologia de Manaus.

Faleceu, repentinamente, quando tinha sido escolhido paraninfo pelos doutorando da Faculdade Fluminense de Medicina. Pertenceu a sociedades científicas nacionais e internacionais. Um dos membros fundadores a Academia Brasileira de Odontologia. Patrono da cadeira n. 97 da Academia Brasileira de Medicina Militar. Dirigiu a revista Brasil Odontológico.

Publicou: Inverno, 1920 (palestra literária); Ninféia, 1920 (palestra literária); Homenagem à Memória de Rui Barbosa. Discursos Pronunciados na Academia Alagoana de Letras, Maceió, 1923; Rui Barbosa, 1923 (estudo crítico); Cinzas (poesia); Mentira (poesia); Rictus Faciais no Crime; Moldagem em Prótese Buco-Facial, Rio de Janeiro, Ed. Pongetti, 1935; Silêncio, Rio de Janeiro, Empresa Número, 1931; Escute, Rio de Janeiro, Ed. Borsoi, 1938; Infecções em Foco, Revista Brasil Odontológico, 1925; O Molar dos Seis Anos, conferência na Associação Médica Cirúrgica de Alagoas, 1922; O Mercúrio nas Obturações Metálicas, Revista Brasil Odontológico, 1925; Odontologia ou Estomatologia, tese ao 2o. Congresso, e muitos outros títulos científicos.

 Teria deixado inéditos: Urubu e Florilégio.

 

Fonte: BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de. ABC DAS ALAGOAS.  

 

 

AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Exemplar encadernado.  Bibl. Antonio Miranda

 

 

         AO MEU ESPELHO

Amigo
de todos os dias o mais fiel,
que nunca me mentiste,
uma só vez sequer, uma somente,
em tantas vezes, tantas, que contigo
horas inteiras passo, a olhar-te mudo,
o meu olhar olhando, dizes tu
que eu sei de mim, somente eu.

 

       Alegre ou triste,
quer na minha alma
a dor mais cruel,
contente ou desconte
às minha mudas interrogações,
jamais tu respondeste uma mentira.

Como é teu coração diferente
dos perversos e humanos corações!



URUBU

Pestíferos monturos revirando,
a procurar nas podridões as cevas
com que te nutres, farto, aos ares levas
a podridão, aos ares te elevando.

Negro ponto no azul, o azul roçando
a asa côncava. E sobes, mais te elevas,
com a treva de teu corpo que é de trevas,
a cortina das nuvens enodoando.

Sem temer a vertigem das alturas,
com os ventos e com as nuvens te misturas,
bem longe do rumor do humano passo.

Ora, subindo vais; ora, descendo
com o carvão de teu corpo descrevendo
geométricas figuras pelo espaço.

 

 

 

       A ÚLTIMA FUMAÇA

Era a última tragada...
Pobre cigarro! Em vão
me alegraste no peito o coração,
o cérebro toldando-me de vez
na lenta e deliciosa embriaguez
de ópio. Deste-me o prazer.
Tanta coisa fizeste-me esquecer,
tanta coisa! E eu te joguei no chão,
porque não serves mais, porque não és mais nada,
pobre ponta fumada,
de onde ainda se evola e se adelgaça,
em vão,
lutando,
batida pelo vento,
no derradeiro esforço, a última fumaça.

Pobre cigarro! Enfim
tu, somente tu, ainda és igual a mim.  

 

 

*

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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